Problemas com o WordPress

Do nada, no dia 26 passado o WordPress não abria a página de rascunho do meu post da semana. Eu conseguia acessar o painel, acessar o blog, mas nenhum post para editar. OK! Vamos lá, o que eu fiz:

  1. tentei no Edge e no Firefox, nestes não carregava nem o blog
  2. meu domínio principal é externo, no hostgator, mudei para o gratuito. Nada! agora nem o blog carregava
  3. fui buscar ajuda no Google: limpei cache, limpei cookies, dados de aplicativos hospedados (não está mas vai que), não tenho plugins (plano básico não permite). Nada!
  4. desativei o firewall, parei o antivírus. Nada!
  5. desabilitei todas as extensões do Chrome. Nada! Agora não conseguia nem fazer o logout.
  6. Resolvi abrir outra conta, com outro e-mail. Mesmo problema!
  7. Bem! então o problema deve ser no meu computador (exceto antivírus e firewall). Nenhuma atualização do Windows 10 depois do da última postagem (dia 20/8)

Fiz tudo isso nos dias 26 e 27. escrevi para o suporte e recebi uma resposta padrão, com quase tudo que eu já tinha visto no Google. E um adendo:

Além disso, pode levar até 72 horas para que as alterações nas configurações do domínio sejam propagadas e o site comece a carregar corretamente em todos os servidores em todo o mundo. Portanto, pode ser necessário aguardar um pouco mais para que o site volte a funcionar corretamente.

WordPress suporte

Como eu tinha mudado o domínio, pensei, vou esperar 72 horas, ou seja, dia 30. No dia 30 ainda tinha o problema. E eis que hoje, não sei que horas exatamente, tudo voltou a funcionar.

Voltei para o domínio externo. sem problemas.

Será que houve uma atualização de versão do WordPress (eu uso no wordpress.com) e tinha bug??

A semana

13 a 19 de agosto de 2023

Sinalização “60+” ou “80+”

Eu tenho 64 anos, e manifesto sempre que 60+ não é mais idoso. Praticamente em nenhum local de atendimento eu ocupo a vez de pessoas mais velhas do que eu. Exceção nas recepções de clínicas médicas, porque está sempre cheio e estacionamento em shoppings, porque eu mereço essa pequena regalia depois de quarenta e seis anos de trabalho. Pois minha opinião parece que condiz com a realidade, em vários locais eu já outra senha para pessoas com mais de 80 – justo! Quanto ao preconceito com mais velhos – etarismo, pode até existir, mas não tenho observado, pelo menos nestes locais. Mas para a comissão de defesa dos direitos da pessoa idosa ainda precisamos melhorar.

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados aprovou projeto que determina o uso da imagem de uma pessoa ereta com a sinalização “60+” ou “80+”, conforme o caso, para a indicação do atendimento prioritário previsto no Estatuto da Pessoa Idosa.

Adicionalmente, deverão ser substituídos todos os pictogramas que contenham imagem de pessoa curvada de bengala em vagas de estacionamento, assentos, filas e outros lugares. A troca da sinalização poderá ser gradual, de acordo com a necessidade de manutenção, e sempre que houver reposição ou nova instalação.

Foi aprovado o substitutivo elaborado pela relatora, deputada Reginete Bispo (PT-RS), ao Projeto de Lei 3413/21, do ex-deputado Julio Cesar Ribeiro (DF), e ao Projeto de Lei 5/23, do deputado Weliton Prado (Solidariedade-MG), apensado.

“Ambas as propostas buscam combater o etarismo na referência ao atendimento prioritário e preferencial das pessoas idosas”, disse Reginete Bispo no parecer aprovado pela comissão. “Devemos utilizar imagem baseada em uma figura que represente uma pessoa idosa em pleno vigor e saúde”, defendeu a relatora.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Transparência e controle social na educação

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (16) o Projeto de Lei 2725/22, da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e outros, que cria mecanismos de transparência pública e controle social na área da educação. A proposta será enviada ao Senado.

O texto aprovado é um substitutivo da relatora, deputada Professora Goreth (PDT-AP), segundo o qual os governos deverão tornar disponível ao público, em meio eletrônico, informações acessíveis referentes aos sistemas federal, estaduais, distrital e municipais de ensino, com dados sobre:

  • número de vagas disponíveis e preenchidas por instituição de ensino, lista de espera e de reserva de vagas;
  • bolsas e auxílios para estudo e pesquisa concedidos aos estudantes, pesquisadores ou professores;
  • estatísticas relativas a fluxo e rendimento escolar;
  • atividades ou projetos de pesquisa, extensão e inovação tecnológica finalizados e em andamento, no caso de instituições de educação superior;
  • execução física e financeira de programas, projetos e atividades voltados para a educação básica e superior financiados com recursos públicos, renúncia fiscal ou subsídios tributários, financeiros ou creditícios;
  • currículo profissional e acadêmico dos ocupantes de cargo de direção de instituição de ensino e dos membros dos conselhos de educação, observada a Lei Geral de Proteção de Dados;
  • pautas e atas das reuniões do Conselho Nacional de Educação e dos conselhos de educação dos estados e do Distrito Federal.

Se o projeto virar lei, entrará em vigor na data de sua publicação, mas os entes federados terão um ano para cumprir a divulgação dessas informações.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Entre outras informações os governos deverão tornar disponível ao público, em meio eletrônico, informações acessíveis referentes aos sistemas federal, estaduais, distrital e municipais de ensino, com dados sobre:

  • número de vagas disponíveis e preenchidas por instituição de ensino, lista de espera e de reserva de vagas;
  • bolsas e auxílios para estudo e pesquisa concedidos aos estudantes, pesquisadores ou professores;
  • estatísticas relativas a fluxo e rendimento escolar;
  • atividades ou projetos de pesquisa, extensão e inovação tecnológica finalizados e em andamento, no caso de instituições de educação superior;
  • execução física e financeira de programas, projetos e atividades voltados para a educação básica e superior financiados com recursos públicos, renúncia fiscal ou subsídios tributários, financeiros ou creditícios;
  • currículo profissional e acadêmico dos ocupantes de cargo de direção de instituição de ensino e dos membros dos conselhos de educação, observada a Lei Geral de Proteção de Dados;
  • pautas e atas das reuniões do Conselho Nacional de Educação e dos conselhos de educação dos estados e do Distrito Federal.

Se o projeto virar lei, entrará em vigor na data de sua publicação, os governos terão um ano para cumprir a divulgação dessas informações.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

O PL foi elaborado em parceria com a Fiquem Sabendo, uma agência de dados independente.

Projeto importante, desde que exista o controle social. Na área de educação há várias entidades dedicadas ao controle social. Este projeto, se aprovado, irá ajudar bastante, visto que na sua maioria são informações difíceis de conseguir diretamente ou impossíveis. O projeto é um avanço, mas para que o controle social seja efetivo o projeto deveria (escrevi isso na enquete a Câmara):

  1. Deveria prever uma normativa do Ministério da Educação padronizando os dados e formas de apresentação. Para uma análise dos dados a padronização de dados e informações é essencial
  2. Deveria exigir que os dados também sejam disponibilizados em formato aberto (seguindo a padronização) e também os dados brutos.

Economia Circular

Você já ouviu falar da economia circular? O modelo de negócio baseado em uma economia circular é aquele no qual os recursos são mantidos em uso pelo maior tempo possível, este sistema é uma alternativa ao caminho linear “levar, fazer-usar-descartar” adotado por praticamente todas as indústrias. A economia circular viabiliza a reutilização, o reaproveitamento, a reparação, o recondicionamento e a reciclagem de materiais e produtos. A economia circular vai reduzir ou eliminar o desperdícios e reduzir o uso dos recursos naturais. É óbvio que as indústrias não adotarão este modelo até que o negócio seja lucrativo. Portanto, se queremos que o mundo produza desta forma precisaremos de políticas públicas.

Os deputados estaduais aprovaram nesta terça-feira (15), em segunda e terceira votações, o projeto de lei 278/2022 que estabelece incentivos à Economia Circular no Paraná. O texto foi proposto pela deputada estadual Maria Victoria (PP) para aumentar a eficiência do uso dos recursos naturais, estimular o uso de energias renováveis, incentivar a reciclagem e proteger o meio ambiente. Fonte: Assembleia Legislativa do PR.

Texto do projeto aqui.

Pesquisa publicada em 2021 concluiu que o Brasil não possui políticas públicas ou legislação específica para a promoção da economia circular, e as iniciativas incipientes são promovidas por ONG’s ou empresas privadas, com projetos realizados de formas isoladas. Leia aqui.

Quer saber mais, a UFPR tem um curso de microaprendizagem gratuito de Economia Circular: UFPR Aberta.

Futebol

Na semana passada começaram os campeonatos na Inglaterra, Portugal e Espanha, e nesta semana na Itália e Alemanha, que está passando na Cazé TV. Nenhuma grande surpresa. No Brasil, na rodada do fim de semana o Coritiba perdeu para o Flamengo que repetiu outros jogos com substituições no final do jogo e gol nos últimos minutos. O Coxa saiu na frente logo aos 14′, depois virou o placar aos 35” (segundos!) do segundo tempo. Com a vitória do Vasco (1×0 sobre o Atlético MG) o coxa caiu para a penúltima colocação. O Athletico joga amanhã contra o Goiás e pode ultrapassar Grêmio e Bragantino que perderam na rodada e também o Fluminense alcançando a quarta colocação. Na Série B o Londrina perdeu em casa para o Atlético GO de 2×0 e caiu para a penúltima colocação, três pontos dentro da zona de rebaixamento. E na Série C o Operário venceu o Altos, em Teresina, que já está rebaixado, e assumiu a liderança com 33 pontos, passando o Brusque que empatou com o Náutico.

Governo Aberto do Brasil

Até 21 de agosto está aberta a consulta pública para a elaboração do 6º Plano de Ação de Governo Aberto do Brasil, que faz parte da Parceria para Governo Aberto (Open Government Partnership – OGP). Você pode votar em até 4 temas de uma lista de 65.

Ao final do prazo de votação, os 4 temas mais votados serão selecionados, limitando-se a um por área de atuação (saúde, educação, meio ambiente etc.). Especialistas do governo e da sociedade civil usarão esses temas como base para definir os compromissos a serem assumidos pelo país no 6º Plano de Ação rumo a um governo aberto. Esses especialistas se reúnem em oficinas para decidir como os compromissos devem ser cumpridos.

https://www.gov.br/participamaisbrasil/6-plano-priorizacao-temas

Projetos de Lei x Saúde de todos

Análise de três projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado com impactos diretos na cobertura dos planos de saúde, acesso às nossas informações pessoais de saúde (prontuário digital) e preços de medicamentos. São projetos que estão tramitando há tempos e tiveram dezenas ou centenas de adendos e outros projetos apensados:

PL 7419/2006 incluindo coberturas reduzidas dos planos de saúde e sobrecarga do SUS

PL 5875/2013 incluindo uso de dados sensíveis para traçar perfis de pacientes e negar cobertura com base no histórico do paciente

PL 5591/2020 Maior transparência nos preços do medicamentos e possibilidade de ajustar valores para baixo.

Análise de Nayara Felizardo no Intercept https://www.intercept.com.br/2023/08/07/saude-projetos-de-lei-que-podem-mudar-drasticamente-seu-plano-e-farmacia

A semana

6 a 12 de agosto de 2023

População de rua

O tamanho do problema nas grandes cidades já aparece no termo que é usado: pessoas em situação de rua, pessoas em situação de vulnerabilidade, moradores de rua ou população de rua? O fato é que a população de rua só aumenta, e não é só em países pobres, mas também nos ricos e desenvolvidos. O problema não é a quantidade de pessoas, que poderiam estar morando todas em um único condomínio habitacional, mas as situações decorrentes deste contingente. Os comerciantes não gostam, moradores da região não gostam, os pedestres que circulam nas ruas não gostam. Ou seja, ninguém gosta, e aí a pressão decorrente sobre a administração municipal. Em muitos casos o problema fica sério com o consumo de drogas e o alcoolismo.

A notícia da semana é que a Prefeitura de São Paulo vai assinar acordo com Institute of Global Homelessness (IGH), sediado em Chicago (EUA), que difunde a metodologia ‘housing first’. Há um grupo de cidades – população entre parentesis, Londres (8,8 milhões), Manchester (550 mil), Helsinque (660 mil), Medicine Hat (63 mil), Edmonton (1,0 milhões), Arica (222 mil) e Houston (2,3 milhões), em torno desta instituição que também trocam suas experiências. São Paulo tem 11,4 milhões de habitantes. Fonte: Folha de SP. Dados da população: Wikipedia.

Eu penso que é muito importante trocar experiências de ações e projetos realizados, tendo o cuidado de observar as culturas dos países e das cidades. No entanto, várias outras instituições locais já testaram políticas novas, e parece que não há grande interação com a prefeitura. E também com os especialistas que temos no Brasil, vários, inclusive que são reconhecidos nestes outros países, como a XXXX.

Cubículo para pernoite

Essa é a minha ideia para não ter pessoas dormindo nas ruas: a prefeitura pagar para estabelecimentos terem cubículos para dormir. estes cubículos podem ser colocados em bares, cafés e restaurantes. Foto da matéria do G1 de 2013.

Cápsulas são dispostas lado a lado, uma em cima da outra (Foto: Thiago Reis/G1)

Cápsulas são dispostas lado a lado, uma em cima da outra (Foto: Thiago Reis/G1)

Teatro de Nero

Descoberto teatro privado do imperador Nero sob o pátio do Palácio Della Rovere em RomaItália. Página principal da Wikipedia 7/8/2023/

Drex, o Real Digital

A moeda digital brasileira, conhecida no jargão técnico como moeda digital de banco central (CBDC, central bank digital currency), já está em estudos e testes há vários anos, agora tem nome – Drex. segundo o banco central, “a combinação de letras forma uma palavra com sonoridade forte e moderna: “d” e “r” fazem alusão ao Real Digital; o “e” vem de eletrônico e o “x” passa a ideia de modernidade e de conexão”.

Fonte: BC https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/17946/nota

Para mim ao juntar “e” com “x” perde-se a ideia de “e-” do eletrônico, X parece seguir a moda do Musk. e juntar “d” com “r” para lembrar Real Digital nada ver, não tem como juntar “Real” com “Digital” hehe. pensando bem podia ser Rex rsrs. Enfim, acho que o povo não vai gostar, e também acho que o povo não vai usar.

Mas o poder das moedas digitais está nas moedas sociais ou comunitárias, que visam desenvolver o comércio logal. Duas cidades já criaram as suas moedas sociais digitais: Maricá (leia aqui e aqui) e Niterói (leia aqui e aqui). A primeira moeda social do Brasil foi a PALMAS criada no Conjunto Palmeira de Fortaleza, com 30.000 moradores. Em 1998 a associação de moradores criou o Banco Palmas, banco comunitário, atualmente já regulamentado pelo BC. A moeda PALMAS foi criada em 2000, para circular apenas no comércio do condomínio. Foi nesse época que eu comprei um pequeno livro do projeto e comecei a estudar a economia solidária, que ainda espero uma oportunidade de aplicação prática.

Hoje o Instituto Banco Palmas desenvolve projetos em outras cidades. Em 2019 o Instituto comprou a plataforma e-dinheiro, com recursos do BNDES, em nome da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, para fomentar a economia digital solidária.

Eu tenho um texto em elaboração sobre moedas digitais comunitárias, tentando responder às perguntas: Quais as vantagens? Quais as desvantagens? A quem beneficia? Tem benefícios para a economia da cidade?

Reconhecimento facial em São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) assinou (7/8) o contrato para implantar o programa de monitoramento e reconhecimento facial “Smart Sampa”. O projeto prevê a implantação de 20 mil câmeras distribuídas pela cidade e foi firmado com um consórcio de quatro empresas, que irão operar o serviço por R$ 9,8 milhões mensais. O programa começa após mais de seis meses desde o lançamento, passando por uma série de suspensões pelos Tribunais de Contas do Município e de Justiça de São Paulo e de representações da sociedade civil. O projeto incorporará bases de dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da Secretaria da Segurança Pública do estado para identificar desaparecidos e foragidos. Segundo a prefeitura, os alertas serão gerenciados por um comitê de operação, que contará com representantes das secretarias que aderirem ao projeto e um conselho de gestão e transparência será formado, com participação da sociedade civil, para garantir o cumprimento da da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Fonte: Semanário da OKBR – Open Knowledge Brasil.

International Day of US Crimes Against Humanity

9 de agosto – International Day of US Crimes Against Humanity
Em 1945 os EUA lançam uma segunda bomba atômica sobre Nagasaki no Japão
https://desacato.info/9-de-agosto-dia-internacional-dos-crimes-dos-eua-contra-a-humanidade/#more-309165.

Frentes Parlamentares na Câmara dos Deputados

Comecei a analisar as frentes parlamentares na Câmara dos Deputados e fiquei abismado. São 222 frentes. As que já contabilizei têm quase 200 deputados.

Qual é a ideia?

As frentes podem ser um termômetro das pautas importantes. Visto que os PL individuais são de uma irrelevância ímpar pra não falar coisa pior.
A minha opinião, e de muita gente boa, é que os assuntos mais importantes e que podem tirar o país do atraso são tecnologia, inovação EM educação e saúde. Por que EM educação e saúde. Por que nestas áreas temos sistemas públicos únicos no mundo (com exceção da China) e que podem nos tornar referência e possibilitar obter receita externa – não sei como. Temos tecnologia avançada em outras áreas, como na agricultura, mas estas já nos trazem receita externa. Também temos o conhecimento que podemos obter da natureza amazônica, que ainda é muito pouco conhecido.

De outro lado, sempre achei que, sendo um país em desenvolvimento e com grande população, podemos gerar renda internamente justamente nas áreas de educação, saúde e cuidados pessoais. Não sei como.

Se por um lado, eu penso (e tenho certeza) que uma nova sociedade deve surgir nas cidades (comunidades), por outro lado, as discussões que muitos grupos (coalizões da sociedade civil) vêm realizando nos últimos anos sobre os problemas nacionais devem ser canalizadas para para um caminho viável. E este caminho viável, com certeza, não é o da agenda política que esta na pauta da maioria dos deputados e senadores.

Diretrizes para a educação profissional

Entra em vigor lei que estabelece diretrizes para a educação profissional.

Entrou em vigor a lei que estabelece as diretrizes para a política de educação profissional e tecnológica (Lei 14.645/23), que teve origem em projeto do ex-deputado João H. Campos (PE), o PL 6494/19. Conforme explica a relatora da proposta, deputada Tabata Amaral (PSB-SP), a nova lei organiza a educação profissional em eixos tecnológicos. Com isso, o estudante poderá seguir uma trajetória de formação que integra os níveis médio e superior.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

“A gente tem uma tradição bacharelista, que desvaloriza os conhecimentos técnicos e que hierarquiza esses conhecimentos. Isso é um problema que a gente precisa enfrentar no nosso País urgentemente, é um problema antigo, não é de hoje. Nós conseguimos trazer uma articulação do ensino técnico com o setor produtivo e também com a aprendizagem. Eu acho que a gente fechou duas pontas importantes”, afirma a deputada Tabata Amaral.

Na verdade esta “tradição” foi fabricada. Eu me lembro que a educação técnica ia muito bem no país quando alguém em Brasília no início dos anos 2000 achou que os CEFETs deveriam virar universidades tecnológicas (nem todos viraram) e a educação tecnológica ficou para segundo plano, com para o plano do SENAI?

Pelo que eu entendi da lei esta tem por objetivo fomentar a expansão de cursos profissionais, aumentar a participação do setor produtivo, integrar a educação técnica com a superior, a atuação conjunta da rede federal com as estaduais, etc. etc.

Ou seja, coisas que precisam de um plano do executivo federal, e uma lei de fomento ou incentivo não vai resolver. se é para resolver a lei deveria exigir um plano, de preferência de curto/médio/longo prazo (5/10/20) e o cumprimento deste plano. É esperar para ver.

A semana

30/7 a 5/8/2023

Nesta semana fazer algumas anotações aqui no blog. Não é um resumo da semana, aquilo que você já deve ter lido em outros lugares você não vai ler aqui. Minha newsletter semanal está voltando em breve.

Quão inteligentes são as cidades inteligentes?

Um dos assuntos que eu leio em revistas científicas (ou acadêmicas) é o de cidades inteligentes, smart cities em inglês. Nesta semana li o artigo How ‘smart’ are smart cities? Resident attitudes towards smart city design (este texto não é um resumo do artigo, mas uma mistura de ideias próprias com conclusões do artigo, o artigo completo só está disponível para quem tem acesso via uma instituição de ensino superior, via Portal da CAPES).

Cidades inteligentes virou um mercado de novas tecnologias e novas ideias, com um grande crescimento na última década. Alimentada por fornecedores, consultores e eventos privados, a adoção das tecnologias de cidade inteligente em muitas cidades tem sido rápida. No campo das ideias estas estão se metamorfoseando buscando se adequar mercadologicamente ao que as pessoas querem das cidades do futuro, tanto nas publicações científicas quanto nos seminários e “lives”. A ênfase em tecnologia está dando lugar à ênfase nas pessoas, ao bem-estar e à inclusão. Ou seja, o que as cidade sempre tiveram que ser mas as grandes cidades deixaram de ser há muito tempo. Mas o que os cidadãos mais percebem nas cidades inteligentes é a tecnologia. O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa com residentes de três grandes cidades do Canadá: Vancouver, Montreal e Toronto. Com a seguinte questão principal: Quão bem a adoção dessa tecnologia e o design geral das cidades inteligentes se alinham com as necessidades e preferências dos residentes? A pesquisa inclui percepções de importância e maturidade de 23 áreas de políticas ou serviços, agrupadas em quatro dimensões: Serviços, Governança, Social e Econômico. Os resultados indicam que há um desalinhamento em certas áreas de serviços e políticas entre os tipos de projetos que as cidades estão realizando e as preferências dos moradores, indicando a necessidade de um envolvimento mais amplo e profundo com a comunidade na concepção e implementação de planos de cidades inteligentes. Provavelmente é o que acontece com todas as grandes cidades do mundo.

Podcast curitibano: Inusitável podcast

Eu já conheço o canal Debulho no Youtube, do meu amigo, ex-aluno e ex-orientando Tiago Francisco (a Campestrini tecnologia sua empresa de tecnologia foi incubada no nosso laboratório de pesquisa na UFPR de 2013 a 2016). Inclusive já estive no Debulho junto com o Marcos Ribeiro falando sobre o nosso livro Sociedade 5.0, lançado em junho último (meu primeiro livro). Agora fiquei sabendo de outro canal de assuntos curitibanos. Recebi nesta semana e-mail divulgando o podcast Inusitável podcast (também no Youtube), do David Rogério, do Morar Curitiba (o qual não acompanho muito).

Falando do livro Sociedade 5.0 recebemos a tiragem da Edição N. 1, já toda vendida. A próxima tiragem deve chegar em 20 dias. Na última quinta-feira fizemos a primeira apresentação ao vivo (antes só em Lives). Falamos com estudantes e professores do Curso de Gestão da Informação da UFPR, no Campus Botânico. Estavam presentes também alunos do mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Gestão da Informação, do qual sou professor colaborador.

Quer saber o que é Sociedade 5.0? Este conceito foi proposto pelo governo do Japão em 2016. Há vários vídeos de 2017 e 2018 no Youtube, mas para realmente entender só com o livro Sociedade 5.0, o primeiro em português. Para saber tudo sobre Sociedade 5.0 acesse o website do livro https://sociedade50.com/ e acompanhe nosso perfil no Instagram @sociedade_5.0.

Abrir porta-malas por dentro

Você tem carro? O seu carro abre o porta-malas por dentro? O meu não. Pois o Projeto de Lei 1434/23 do deputado federal Capitão Alden (BA), altera o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) para tornar obrigatória a instalação de dispositivo que permita a abertura do porta-malas de veículos pelo lado interno.

A justificativa do deputado é que “o crescimento populacional, em especial nas zonas urbanas, fez surgir a necessidade de proteger o veículo contra furtos e roubos. Recentemente, a grande preocupação dos motoristas voltou-se para a modalidade de crime conhecida como sequestro relâmpago, no qual as pessoas são colocadas no fundo do veículo, e se veem impossibilitadas de pedir socorro”, diz o deputado. “Outros riscos também são evidentes, como crianças presas acidentalmente no porta-malas.”

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Proteção de direitos autorais contra IA

O Projeto de Lei 1473/23 do deputado Aureo Ribeiro (RJ), obriga empresas que operam sistemas de inteligência artificial (IA) a disponibilizar ferramentas que garantam aos autores de conteúdo na internet a possibilidade de restringir o uso de seus materiais pelos algoritmos. O objetivo é preservar os direitos autorais.

Segundo o parlamentar, o termo de uso da organização OpenAI relativo à ferramenta ChatGPT, por exemplo, já traz a possibilidade da reclamação de direitos autorais. É possível enviar uma notificação pedindo a exclusão ou desabilitação de conteúdo supostamente infrator e o encerramento de contas de infratores reincidentes. 

“Apesar de louvável a iniciativa de disponibilizar o procedimento para que o usuário aponte o desrespeito aos direitos autorais, entende-se que isso não seja suficiente, pois se trata de tecnologia avançada que pode atuar de forma preventiva, e não reativa, identificando automaticamente os textos utilizados e as eventuais infrações aos direitos autorias”, diz Aureo Ribeiro.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

A informação do deputado sobre os termos de uso da OpenAI é correta e a preocupação do deputado é pertinente. A sua intenção de obrigar os desenvolvedores a agirem preventivamente nos seus algoritmos é viável, no entanto, exigirá uma solução padronizada, o que já está em discussão, pelo menos no papel, em vários grupos e organizações criadas recentemente para discutir os rumos da IA, como o Responsible AI Institute.

Dia mundial do Rock

Você pode ter ficado sabendo que neste mês de julho foi comemorado o Dia mundial do Rock, no dia 13 de julho. Mas o que provavelmente você não saiba é que o este dia só é comemorado no Brasil. Saiba como isto aconteceu aqui: https://igormiranda.com.br/2021/07/por-que-o-dia-mundial-do-rock-so-e-comemorado-no-brasil/

Neologismos e a linguagem neutra

A linguagem neutra veio para ficar. A língua é dinâmica e está sempre recebendo palavras novas – os neologismos, ou incorporando palavras de outras línguas – os estrangeirismos. Nossos poetas e escritores sempre foram prolíficos em criar neologismos, mais no passado do que nos tempos atuais, penso eu. Não vou entrar aqui na discussão de quais sejam neologismos ou estrangeirismos, é uma questão técnica dos linguístas e não é tão simples quanto parece. leia um pouco mais aqui.

Antigamente, na minha época como dizem (século XX), com certeza surgiam menos neologismos como hoje em dia. Por exemplo, as palavras usadas na computação e na internet foram rapidamente incoporadas ao nosso dia a dia – e são consideradas neologismos e não estrangeirismos. Uma breve lista: deletar, escanear, clicar, linkar, site e linkar. Outras de origem mais populares têm aceitação mais restrita, mas já são comuns. Outra breve lista: petista, mensalão, pistolão (não é uma arma), panelaço, showmício e mimimi. E há outras que nem pensamos mais como neologismos (existem há mais de 40 anos): skate, shopping, abajur e buquê. Outras já caíram em desuso para as novas gerações: dar um bolo, dar a volta por cima, fazer cera. Não vou me arriscar aqui com as gírias e neologismos das novas gerações. E também há palavras que mudaram de sentido no uso comum, mesmo assim consideradas neologismos: picareta, papudo e gato.

Quanto aos estrangeirismos, na maioria são horríveis, não tem como lutar contra. Outra breve lista: smartphone (no Brasi o telemóvel não pegou), show, delivery, approach, coach, cool, ferryboat, hi-tech, insight, pop-star, background, drag queen, e por aí vai.

A linguagem neutra, aparentemente, enfrenta mais resistências em todes com mais de trinta (só pra citar a música de Marcos Valle) (essa vale um outro texto!). Eu não sou contra, apoio todos os motivos que levam as pessoas a usarem, pois não são motivos linguísticos, mas de acolhimento, luta contra a intolerância e desigualdade, que para o século XXI está muito grande ainda. Mas, com certeza, quando se tornar comum eu já terei partido. Penso que não vou usar, posso estar errado, pois penso que vou resistir. Vou resistir, primeiro, porque não preciso, não faço palestras ou lives (outro neologismo) para muita gente. Segundo porque é mais fácil eu substituir.

Por exemplo:

  • Todos e todas, ou todes = pessoas, gente, galera, povo, multidão, turma. Todos estão convidados = Todas as pessoas estão convidadas.
  • Ela e ele, ou elu = pessoa. Ela estava na calçada e o carro passou por cima = A pessoa estava na calçada e o carro passou por cima, coitade!
  • Amiga e amigo, ou amigue. Eu tenho poucos amigos = Eu tenho poucas amizades. Ele é de pouco amigos = Tá aí uma pessoa totalmente antisocial.
  • Pelos e pelas, ou pel@s = por. O professor respondeu às perguntas feitas pelos estudantes = O professor respondeu às perguntas feitas por estudantes.

Segundo o pesquisei não é de bom tom escrever @ ou x nas palavras para dar o sentido neutro. o principalmente motivo é que são impronunciáveis para quem está lendo ou ouvindo.

  • Dele e dela, ou delu. A casa dele foi invadida pelos ladrões = Sua casa foi invadida por ladrões
  • Os ou as, simplesmente omitir ou substituir por outro substantivo, geralmente indicando grupo. Os consultores especializados = consultoria especializada; os estudantes de graduação = turmas de graduação; os alunos = corpo discente; nossos filhos = nossas crianças.
  • Prezado (caro) e prezada (cara), ou prezade – parar de usar, pois são palavras já consideradas arcaicas.

Só atente, caro leitor e cara leitora, que concursos públicos e vestibulares não permitem o uso da linguagem neutra, ainda. Não vou falar aqui da legislação a respeito, pois ainda está muito variado, há estados e municípios proibindo totalmente e outros permitindo em parte ou totalmente.

Plano Diretor e a participação popular

No início da semana passada foi aprovada a revisão do novo Plano Diretor da cidade de São Paulo. Não sou especialista no assunto, também não tenho dados para discutir o que vai melhorar ou o que vai piorar (o mesmo vale para Curitiba, onde moro, mas aqui é um assunto que vou aos poucos tomando conhecimento). Li vários artigos a respeito, a maioria criticando e alguns comparando críticas e elogios – lista dos artigos no final do texto.

Bruna Buffara, no seu texto na edição de sábado último no Meio, começa com uma informação e sua conclusão:

“As eleições municipais de 2020 já refletem o quanto a questão urbana mobiliza, inclusive pecuniariamente, a política da cidade. Dados da Justiça Eleitoral analisados pela Folha mostram que pessoas do setor imobiliário doaram (Folha de SP) 46% do total arrecadado para os atuais vereadores. Foram R$2,8 milhões de reais doados por apenas 150 empresários e executivos do ramo. Todos esses recursos foram repassados dentro da lei e contabilizados pelos partidos, mas permitem estimar um ambiente muito mais favorável ao setor imobiliário na Câmara.”

Ela informa, com dados da matéria da Folha (link no meio do texto acima) que 46% do total arrecadado para os atuais vereadores na campanha para a última eleição foram de empresários e executivos do ramo imobiliário. E ela conclui que esse fato já se reflete na discussão das questões urbanas e na aprovação das mudanças no plano diretor.

Como já mencionei, não sou especialista na questão, então eu já paro por aqui, ou seja, sigo para as minhas conclusões:

  1. a eleição de vereadores não pode ter campanha e doações. Se houver campanha tem que usar recursos gratuitos ou iqualitários para todos os candidatos. mas mesmo assim ainda existiriam formas de persuasão e apoio a candidatos por parte dos interessados nas discussões das leis;
  2. a escolha de candidatos deve ser realizada em votação nos partidos políticos, onde concorram quaisquer interessados e todos os filiados ao partido votem. mesmo assim ainda haverá formas de persuasão e apoio a pré-candidatos por parte dos interessados nas discussões das leis;
  3. para não termos formas de persuasão e apoio a pré-candidatos por parte dos interessados nas discussões das leis, pelo menos não em profusão, temos que eliminar as alternativas 1 e 2;
  4. eliminadas as duas primeiras, pode-se escolher os vereadores por sorteio, com mandato mais curto, 1 ano por exemplo, entre quaisquer interessados que se inscrevam, com distribuição das vagas para todas as regiões/bairros/comunidades (*) da cidade. Os escolhidos só podem voltar a se candidatar após decorridos 3 anos do final do mandato. Já há cidades em outros países com este processo, trago isso aqui na sequência deste texto.

(*) divisão geográfica a ser criada.

Mas e as discussões mais complexas que exijam pessoas mais preparadas sobre a questão? Pessoas com mais experiência, como os vereadores com vários mandatos já concluídos? Se você pensa que os vereadores da Câmara da sua cidade têm essa preparação e essa experiência vá verificar e depois me conte. A experiência está com quem vive a questão e com quem estuda a questão – são experiências diferentes, e nem sempre, é o caso de vereadores. Ou seja, as discussões têm que ser ouvindo as opiniões destas pessoas, que via de regra não estão na Câmara.

Mas questões tão importantes não podem ser discutidas somente entre vereadores e entre pessoas com conhecimento no assunto, têm que ser discutidas com a população. Atualmente quando se pensa nisso as alternativas são: consulta pública, referendo e plebiscito. O referendo e o plebiscito tem o mesmo formato, uma votação a favor ou contra determinada matéria de iniciativa legislativa ou executiva, sendo a diferença apenas temporal – o plebiscito ocorre antes da efetivação e o referendo depois. Estas votações geralmente são precedidas por campanhas a favor e contra o que permite muitoas formas de persuasão e apoio por parte dos interessados nas discussões das medidas (vide o plebiscito do Brexit no Reino Unido).

As consultas públicas do governo federal são realizadas na Plataforma Participa + Brasil, onde qualquer pessoa pode opinar através de texto enviado por formulário eletrônico. O que configura que a consulta não é uma discussão. Não busquei as consultas públicas dos governos estadual e municipal – fica para a continuação deste assunto. Para melhorar este ponto, há também as audiências públicas, que servem para o legislativo ter mais conhecimento sobre uma matéria que está em discussão. Que são reuniões agendadas na sede do poder legislativo e cuja duração (meio dia ou um dia inteiro) faz com que as apresentações de pontos de vista sejam ocupadas por interessados diretos ou indiretos, geralmente empresas e associações empresariais, e pesquisadores do assunto. O que leva a questão para o escrevi mais acima.

Assim, concluo que novos métodos utilizando as tecnologias digitais precisam ser criados permitindo uma discussão mais ampla e menos emocional das questões pela população. Métodos que permitam a participação mais ativa. O ponto aqui é que para esta participação seja mais ativa a população precisa estar mais informada, e esse é o grande desafio para o futuro das democracias no mundo. Há muito mais informação e desinformação à vista do que no passado mas as pessoas ainda não estão educadas o suficiente para tratar estas informações, falta o que chamamos de alfabetização informacional. Vou escrever sobre isso e as novas formas de discussão e votações em meios digitais na sequência deste texto.

Enquanto isso a questão do Plano Diretor da cidade de São Paulo fica para verificação futura de quem acertou nas previsões.

Artigos lidos:

Novo Plano Diretor atende quem usa metrô, mas só na cidade de Paris. Flávia Boggio, Folha de SP, 28/JUN

O efeito prático do novo Plano Diretor na vida do paulistano. Nexo Jornal, Ponto futuro, 25/JUN

SÃO PAULO E OS DILEMAS DO CRESCIMENTO. Bruna Buffara, Canal Meio, Edição de sábado (A edição de sábado só está disponível para assinantes), 01/JUL. https://www.canalmeio.com.br/

Metade das doações de campanha a vereadores de São Paulo veio do setor imobiliário. Carlos Petrocilo/Cristiano Martins/Jonas Santana/Paula Soprana. Folha de SP, 21/JUN

Câmara de SP aprova Plano Diretor que permite prédios mais altos… PODER360, 26/JUN

‘Radicalizaram-se os pontos críticos de 2014’, André Lucena, entrevista com Raquel Rolnik, CartaCapital, 27/JUN Raquel Rolnik: Blog Twitter

Número de imóveis vazios explode em 12 anos no país, Nexo Jornal, 28/JUN

O professor e os outros

Estou voltando a escrever depois um longas férias de verão e um atribulado outono. Hoje publiquei artigo no LinkedIn no tema do meu primeiro livro, Sociedade 5.0, escrito junto com o Marcos José Ribeiro (de Curitiba). No preâmbulo do artigo comentei que agora que estou aposentado, neste ano, tirei férias prolongadas de dois meses. Sim, férias, porque embora aposentado eu não estou sem fazer nada. E como fui professor a vida toda, pesquisador acadêmico e desenvolvedor de programas de computador, ou Dev como se diz agora, eu continuo pesquisando, lendo, escrevendo, orientando alunos e escrevendo códigos. Tento manter o máximo de 3 horas por dia, atualmente pela manhã. De manhã ficou melhor porque agora eu durmo cedo e acordo cedo, bem cedo e sem despertador. Estas férias não foram totalmente inertes (no bom sentido) porque começamos a escrever o livro no meio das férias. Já o atribulado outono foi por conta de uma pneumonia que me deixou inerte (no mau sentido) em boa parte de março e da finalização do livro que foi tomando mais tempo e esforço a medida que nos aproximávamos do prazo de entrega. Lançamos o livro digital no último dia 22 na Amazon e o livro impresso será lançado nas próximas semanas.

O ponto é que muita gente pensa que os professores têm férias de dois meses ou mais. Dois meses porque as aulas terminam em meados de dezembro e retornam em meados de fevereiro. E mais o recesso de vintes dias em julho. Então se você, leitor, não é professor fique sabendo que os professores são trabalhadores com todos os outros, com algumas peculiaridades devido ao trabalho na atividade docente em sala de aula. O professor tem direito aos 30 dias de férias como os outros, mas não pode fracionar em períodos de 10 dias como os outros. E o professor tem direito a um recesso de 15 a 30 dias, que não é férias porque não tem a remuneração adicional. Então o professor tem as férias coletivas, geralmente em janeiro, e mais o recesso em torno de 20 dias em julho, que é o intervalo entre um semestre e outro. Esse intervalo serve tanto para um alívio no ritmo de trabalho quanto para a administração das matrículas no caso das universidades.

E o período entre o final das aulas e o final do ano (15 a 20 dias) e entre janeiro e o início das aulas (15 a 20 dias)? No final do período há todo o trabalho administrativo de encerramento de turmas e relatórios da escola, e depois as festas de final de ano como os outros. E em fevereiro há o trabalho de organização das aulas e horários e planejamento – planos de ensino, planos de aulas, etc.

Mas então o trabalho do professor exige um recesso porque ele está em sala de aula de 12 a 20 horas por semana o que o desgasta mais física e psíquicamente? Sim, mas não é só isso. O professor desde sempre é um trabalhador que ao mesmo tempo que gosta do que faz (condição quase que obrigatória para ser professor) também é um pouco imbecil, pois leva muito trabalho para casa. É em casa que o professor pensa as suas aulas, prepara a maior parte do material das aulas, corrige a maior parte dos trabalhos e provas. E o professor não ganha mais por isso, por isso o pouco de imbecilidade. Fazer suas leituras em casa não é diferente dos outros profissionais, exceto pelo fato de que o professor lê muito e a maioria dos outros profissionais lê pouco ou muito pouco ou nada!

Para o professor pesquisador a situação piora um pouco, porque tem que dividir seu tempo entre aulas, orientação e pesquisa. Projetos de pesquisa exigem uma demanda de tempo adicional, pois geralmente envolvem outro grupo de alunos ou, em muitos casos, bolsistas e contratados especificamente para o projeto. E se o professor não tiver um grupo de pesquisa, um líder de equipe do projeto ou uma espécie de Sub-coordenador, geralmente um aluno de doutorado, ficará praticamente impossível executar um projeto de maior magnitude – não vou nem entrar aqui na questão das dificuldades de financiamento de pesquisas no Brasil, fora do escopo deste texto. Eu trabalhei 36 anos na Universidade Federal do Paraná (1982-2018). Destes 36, os últimos 19 anos em pesquisa (depois que concluí meu doutorado e passei a trabalhar em tempo integral na universidade) (*), coliderando um grupo de pesquisa, e coordenei 15 projetos de pesquisa sendo 10 com financiamento de agências de fomento – sei bem como é essa situação. E ainda tem os projetos de extensão, todos com alunos bolsistas ou voluntários. A maioria dos professores não faz projetos de extensão, pois além do tempo adicional, não têm o mesmo status dos projetos de pesquisa (Aqui um parênteses, esta situação está mudando, pois uma normativa do MEC exige que os cursos coloquem agora as atividades de extensão na carga horária das disciplinas, isto porque tentativas anteriores de aumentar a extensão universitária falharam, e a extensão é um dos pilares da universidade que queira realmente se inserir na sociedade). Eu participei ou coordenei 9 projetos de extensão no mesmo período de 19 anos. Outro ponto que os projetos impactam é nas férias, muitos projetos são de curta duração, 12 meses, e não podem parar nas férias, e outros tantos têm seus prazos de conclusão, com relatório a ser entregue para o órgão financiador, nos primeiros meses do ano.

(*) Na verdade, nos primeiros anos, entre 1982 e 1987, também trabalhei com pesquisa, mas como não tínhamos curso de mestrado ou doutorado executávamos os projetos coletivamente (4 professores) e com ajuda de alunos de graduação do Programa PET-Civil da UFPR, criado em 1983. Neste período tivemos somente um projeto de maior porte, com financiamento, contando com bolsistas, quando compramos os primeiros computadores para o nosso laboratório.

Até algum tempo atrás a profissão de professor era considerada juridicamente uma profissão “penosa”, com alguns direitos e ganhos adicionais, que hoje não existem mais. Profissões penosas são aquelas com atividades insalubres ou perigosas. Mas, pelo exposto acima, a aposentadoria de professor permanece sendo considerada especial. Até 2019 todos os professores tinham direito a uma aposentadoria especial de professor, com idade mínima menor que os outros. Agora somente os professores das redes de ensino infantil, fundamental e médio têm este direito. Os professores de ensino superior seguem as regras dos demais trabalhadores.

Concluindo, já cancelei várias pessoas que afirmaram que professor não trabalha três meses por ano.

CMC Comissão Especial de Tarifa Zero

No dia 18 de abril foi instalada a Comissão Especial Para Discutir o Novo Contrato do Transporte Coletivo – Tarifa Zero. Veja no vídeo aqui. No link da Comissão pode-se ver os vereadores da Comissão e os nomeados para os cargos administrativos. A primeira reunião de trabalho após sua instalação aconteceu na terça, dia 25, vídeo aqui (pode avançar até 14:00). A proposta da comissão foi do vereador Herivelto Oliveira (Cidadania) e foi escolhido para presidente da comissão – o vereador tem uma proposta de projeto para implantar a tarifa zero em Curitiba, e por isso também o nome estendido da comissão.

A comissão especial terá não só a tarefa de discutir a viabilidade da implementação da tarifa zero, mas também o novo contrato do transporte coletivo da capital. A atual concessão do serviço público vence em 2025.

Na primeira reunião ordinária da comissão foi proposto pelo vereador Dalton Borba (PDT) que sejam encaminhados formalmente convites para a UFPR e para a UTFPR indicarem pesquisadores para colaborar com a comissão, tendo o vereador já alguns nomes de profesores para indicar, não citados na reunião. Outros vereadores sugeriram convidar também universidades particulares e o ITTI, instituto da UFPR que já colaborou com a CMC em outra comissão. Por fim, o presidente sugeriu uma audiência pública.

Por fim, decidiu-se fazer reuniões individuais com um grupo de vereadores da comissão para posteriormente decidir como proceder. Ficou aprovada a conversa com o presidente da URBS – Empresa de economia mista que controla o sistema de transporte público de Curitiba, Ogeny Maia Neto, no próximo dia 5 de maio. E abriu-se uma lista para indicação dos integrantes da comissão de outros convidados. A COMEC (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba) está realizando uma nova licitação e também será ouvida.

Houve uma discussão rápida sobre qual o trabalho da comissão, se propor um novo paradigma para ajudar a prefeitura na elaboração do edital – projeto de estado x projeto de governo, e discutir questões para construir um novo edital adequado. A próxima reunião da comissão será amanhã, dia 2 de maio.

O ponto colocado de que a discussão do transporte público é uma questão de estado e não de governo é importante. De fato, todas as questões de infraestrutura urbana são questões de estado, pois seus impactos abrangem os governos para além de duas década. Assim a população – aqui representada pelos seus vereadores, deve decidir como quer que sejam desenhadas (design) as soluções para o transporte público. Qualquer solução para o transporte público irá impactar a mobilidade de todas pessoas, incluindo as que usam transporte particular, bicicletas, motocicletas e a pé. Ou seja, qualquer solução deve ser discutida ouvindo todos e não somente os usuários do tranporte público.

O escopo da comissão me parece ser o contrato do transporte coletivo. Neste escopo uma questão de estado importante é quem seriam os prestadores do serviço e os financiadores, que podem ser públicos ou privados. No passado não muito distante já tivemos experiências variadas. E também é notório que o problema mais visível hoje e que levou à criação desta comissão é o valor da tarifa, que é hoje está em R$ 6,00. Valor que ainda precisa de subsídio: R$ 206 milhões no total, sendo R$ 66 milhões da prefeitura. O restante deve vir do governo federal, para gratuidade dos idosos, e do governo estadual, para cobrir a integração metropolitana. A tarifa cheia (chamada tarifa técnica) está calculada em R$ 7,05.

Um outro problema verificado nos dados dos últimos anos (pós pandemia principalmente) é a queda no número de passageiros transporte, o que impacta no preço da tarifa. Em Curitiba o valor da tarifa técnica é calculado dividindo-se o custo médio do quilômetro pela média de passageiros pagantes por quilômetro. Para o cálculo desta média de passageiros pagantes considera-se a estimativa de quilometragem média por mês. Segundo a URBS o número médio de passageiros transportados hoje está em 550 mil/dia, 26% abaixo do registrado antes da pandemai – 744 mil/dia.

“Não devemos mais voltar a esses patamares, porque os regimes de trabalho em home office e híbrido (que alterna atividades remotas e presenciais), adotados durante os período de restrições, vieram para ficar. A pandemia também fez com que muita gente fosse morar perto do trabalho, para evitar grandes deslocamentos”, diz Maia Neto. “O novo normal é 80% do movimento que tínhamos antes da covid-19”, afirma Ogeny Maia Neto.

Sociedade 5.0

Análise de dados do Big Data, Inteligência Artificial e Internet das Coisas são coisas que a gente já vê todo dia. Algumas delas são visíveis, como os aparelhos que a gente usa, outras ficam escondidas nos programas das empresas de tecnologia, streaming e comércio eletrônico. A gente vive numa época em que a informação é mais importante que as coisas físicas. Tudo isso começou nos anos 1990, quando a internet ficou popular. Eu lembro de usar um navegador com interface gráfica em 1995, quando ainda não existiam smartphones, há quase 30 anos! Depois, em 2003, usei um Pocket PC da HP com Windows Mobile – a Apple só lançou o primeiro iPhone em 2007. E nem lembrava mais, mas foi em 2015 que assinei o Netflix. O smartphone mudou tudo, junto com todos os aplicativos de mídias sociais, mensagens e compras online. Isso criou uma revolução, a revolução digital. Hoje em dia, tudo o que a gente faz gera dados digitais, no trabalho, nas compras e no lazer. Muitas outras inovações foram criadas nestas décadas, empresas novas surgiram e desapareceram nesses anos. Agora, a onda é a inteligência artificial, que vai causar um impacto tão grande quanto a internet e o smartphone. A evolução da computação já nos permite estar num mundo virtual igual ao real. A gente consegue simular um mundo virtual onde praticamente tudo pode ser feito como no mundo real e decisões do mundo real podem ser simuladas no mundo virtual.

As tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a inteligência artificial (IA) são áreas em constante evolução e que têm trazido grandes transformações para o mundo em que vivemos. Nos próximos 30 anos, é certo que essas tecnologias continuem avançando e mudando a maneira como nos relacionamos com o mundo. A Internet das Coisas (IoT), por exemplo, tem o potencial de transformar completamente a maneira como interagimos com objetos cotidianos, permitindo que sejam conectados e controlados remotamente. Isso pode ter um grande impacto em áreas como transporte, saúde e agricultura, melhorando a eficiência e reduzindo os custos. A inteligência artificial já é utilizada para resolver problemas em muitas áreas como saúde e segurança.

No entanto, apesar dos benefícios que as TIC e a IA podem trazer, é importante lembrar que essas tecnologias também apresentam desafios e riscos significativos. Um desses desafios é o impacto que essas tecnologias têm na sociedade e nos problemas sociais que enfrentamos atualmente. Teremos com certeza uma grande mudança no perfil dos trabalhos que serão desempenhados por humanos. As questões relacionadas à vigilância em massa, ameaçando a privacidade e ao uso de dados das pessoas e os dados gerados pelas pessoas no dia a dia são questões ainda em discussão e ainda não temos uma ideia de como estarão daqui 30 anos.  A popularização da inteligência artificial que começou agora em 2023 com o ChatGPT é outra incógnita mesmo no futuro próximo.

Por isso, é importante que as TIC e a IA sejam desenvolvidas de forma ética e responsável, com o objetivo de beneficiar toda a sociedade, e não apenas alguns setores ou grupos privilegiados. É necessário que sociedade, cientistas, governos e empresas de tecnologia comecem a pensar em um novo arranjo para o uso das tecnologias atuais e futuras para que sejam usadas para o bem comum, para a qualidade de vida de todos e para resolver os problemas sociais que ainda enfrentamos, mesmo após mais de 150 anos do início da terceira revolução industrial (1850-70).

Em 22 de janeiro de 2016, o Governo do Japão lançou o 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia. O plano propõe a ideia de “Sociedade 5.0”, uma visão de uma sociedade futura guiada pela inovação científica e tecnológica. A intenção por trás desse conceito é descrita como:

“Através de uma iniciativa que combina o espaço físico (mundo real) e o ciberespaço, aproveitando ao máximo as TIC, estamos propondo uma forma ideal de nossa futura sociedade: uma ‘sociedade superinteligente’ que vai trazer riqueza para o povo. A série de iniciativas voltadas para a realização desse ideal de sociedade agora está sendo aprofundada e intensamente promovida como ‘Sociedade 5.0’.” (Hitachi-UTokyo Laboratory(H-UTokyo Lab.). Sociedade 5.0 (pág. 11). Springer Nature Singapura. Edição do Kindle.)

Participe da nossa Live para discutir a Sociedade 5.0
https://youtu.be/kLpsl5gd0ns

‘O Complô’ ganha prêmio de Melhor Documentário e Melhor Roteiro em festival de Tokyo, Japão

Luíz Müller Blog

​‘O Complô’ ganha prêmio de Melhor Documentário e Melhor Roteiro em festival de Tokyo, Japão
 
O curta-metragem brasileiro “O Complô”, lançado em festivais em inglês como “The Plot” Baseado no livro homônimo do Deputado Federal Constituinte Hermes Zaneti e dirigido pelo cineasta Luiz Alberto Cassol, o documentário “O Complô’, lançado no Brasil no início de março de 2023, é premiado no festival Twilight Tokyo Film, uma mostra, na capital do Japão, que seleciona obras cinematográficas internacionais.
A produção levou os prêmios de Melhor Documentário e Melhor Roteiro. O filme apresenta os bastidores da gestão da dívida pública federal, com um resgate histórico do tema desde a Assembleia Nacional Constituinte, e seus impactos sobre o cotidiano da população brasileira.
A produção também faz uma análise crítica sobre temas como rentismo, autonomia do Banco Central, privatização de empresas públicas, reforma da previdência social e reforma trabalhista.
Com produção da Filmes de Junho…

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