A semana

30/7 a 5/8/2023

Nesta semana fazer algumas anotações aqui no blog. Não é um resumo da semana, aquilo que você já deve ter lido em outros lugares você não vai ler aqui. Minha newsletter semanal está voltando em breve.

Quão inteligentes são as cidades inteligentes?

Um dos assuntos que eu leio em revistas científicas (ou acadêmicas) é o de cidades inteligentes, smart cities em inglês. Nesta semana li o artigo How ‘smart’ are smart cities? Resident attitudes towards smart city design (este texto não é um resumo do artigo, mas uma mistura de ideias próprias com conclusões do artigo, o artigo completo só está disponível para quem tem acesso via uma instituição de ensino superior, via Portal da CAPES).

Cidades inteligentes virou um mercado de novas tecnologias e novas ideias, com um grande crescimento na última década. Alimentada por fornecedores, consultores e eventos privados, a adoção das tecnologias de cidade inteligente em muitas cidades tem sido rápida. No campo das ideias estas estão se metamorfoseando buscando se adequar mercadologicamente ao que as pessoas querem das cidades do futuro, tanto nas publicações científicas quanto nos seminários e “lives”. A ênfase em tecnologia está dando lugar à ênfase nas pessoas, ao bem-estar e à inclusão. Ou seja, o que as cidade sempre tiveram que ser mas as grandes cidades deixaram de ser há muito tempo. Mas o que os cidadãos mais percebem nas cidades inteligentes é a tecnologia. O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa com residentes de três grandes cidades do Canadá: Vancouver, Montreal e Toronto. Com a seguinte questão principal: Quão bem a adoção dessa tecnologia e o design geral das cidades inteligentes se alinham com as necessidades e preferências dos residentes? A pesquisa inclui percepções de importância e maturidade de 23 áreas de políticas ou serviços, agrupadas em quatro dimensões: Serviços, Governança, Social e Econômico. Os resultados indicam que há um desalinhamento em certas áreas de serviços e políticas entre os tipos de projetos que as cidades estão realizando e as preferências dos moradores, indicando a necessidade de um envolvimento mais amplo e profundo com a comunidade na concepção e implementação de planos de cidades inteligentes. Provavelmente é o que acontece com todas as grandes cidades do mundo.

Podcast curitibano: Inusitável podcast

Eu já conheço o canal Debulho no Youtube, do meu amigo, ex-aluno e ex-orientando Tiago Francisco (a Campestrini tecnologia sua empresa de tecnologia foi incubada no nosso laboratório de pesquisa na UFPR de 2013 a 2016). Inclusive já estive no Debulho junto com o Marcos Ribeiro falando sobre o nosso livro Sociedade 5.0, lançado em junho último (meu primeiro livro). Agora fiquei sabendo de outro canal de assuntos curitibanos. Recebi nesta semana e-mail divulgando o podcast Inusitável podcast (também no Youtube), do David Rogério, do Morar Curitiba (o qual não acompanho muito).

Falando do livro Sociedade 5.0 recebemos a tiragem da Edição N. 1, já toda vendida. A próxima tiragem deve chegar em 20 dias. Na última quinta-feira fizemos a primeira apresentação ao vivo (antes só em Lives). Falamos com estudantes e professores do Curso de Gestão da Informação da UFPR, no Campus Botânico. Estavam presentes também alunos do mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Gestão da Informação, do qual sou professor colaborador.

Quer saber o que é Sociedade 5.0? Este conceito foi proposto pelo governo do Japão em 2016. Há vários vídeos de 2017 e 2018 no Youtube, mas para realmente entender só com o livro Sociedade 5.0, o primeiro em português. Para saber tudo sobre Sociedade 5.0 acesse o website do livro https://sociedade50.com/ e acompanhe nosso perfil no Instagram @sociedade_5.0.

Abrir porta-malas por dentro

Você tem carro? O seu carro abre o porta-malas por dentro? O meu não. Pois o Projeto de Lei 1434/23 do deputado federal Capitão Alden (BA), altera o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) para tornar obrigatória a instalação de dispositivo que permita a abertura do porta-malas de veículos pelo lado interno.

A justificativa do deputado é que “o crescimento populacional, em especial nas zonas urbanas, fez surgir a necessidade de proteger o veículo contra furtos e roubos. Recentemente, a grande preocupação dos motoristas voltou-se para a modalidade de crime conhecida como sequestro relâmpago, no qual as pessoas são colocadas no fundo do veículo, e se veem impossibilitadas de pedir socorro”, diz o deputado. “Outros riscos também são evidentes, como crianças presas acidentalmente no porta-malas.”

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Proteção de direitos autorais contra IA

O Projeto de Lei 1473/23 do deputado Aureo Ribeiro (RJ), obriga empresas que operam sistemas de inteligência artificial (IA) a disponibilizar ferramentas que garantam aos autores de conteúdo na internet a possibilidade de restringir o uso de seus materiais pelos algoritmos. O objetivo é preservar os direitos autorais.

Segundo o parlamentar, o termo de uso da organização OpenAI relativo à ferramenta ChatGPT, por exemplo, já traz a possibilidade da reclamação de direitos autorais. É possível enviar uma notificação pedindo a exclusão ou desabilitação de conteúdo supostamente infrator e o encerramento de contas de infratores reincidentes. 

“Apesar de louvável a iniciativa de disponibilizar o procedimento para que o usuário aponte o desrespeito aos direitos autorais, entende-se que isso não seja suficiente, pois se trata de tecnologia avançada que pode atuar de forma preventiva, e não reativa, identificando automaticamente os textos utilizados e as eventuais infrações aos direitos autorias”, diz Aureo Ribeiro.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

A informação do deputado sobre os termos de uso da OpenAI é correta e a preocupação do deputado é pertinente. A sua intenção de obrigar os desenvolvedores a agirem preventivamente nos seus algoritmos é viável, no entanto, exigirá uma solução padronizada, o que já está em discussão, pelo menos no papel, em vários grupos e organizações criadas recentemente para discutir os rumos da IA, como o Responsible AI Institute.

Dia mundial do Rock

Você pode ter ficado sabendo que neste mês de julho foi comemorado o Dia mundial do Rock, no dia 13 de julho. Mas o que provavelmente você não saiba é que o este dia só é comemorado no Brasil. Saiba como isto aconteceu aqui: https://igormiranda.com.br/2021/07/por-que-o-dia-mundial-do-rock-so-e-comemorado-no-brasil/

Sociedade 5.0

Análise de dados do Big Data, Inteligência Artificial e Internet das Coisas são coisas que a gente já vê todo dia. Algumas delas são visíveis, como os aparelhos que a gente usa, outras ficam escondidas nos programas das empresas de tecnologia, streaming e comércio eletrônico. A gente vive numa época em que a informação é mais importante que as coisas físicas. Tudo isso começou nos anos 1990, quando a internet ficou popular. Eu lembro de usar um navegador com interface gráfica em 1995, quando ainda não existiam smartphones, há quase 30 anos! Depois, em 2003, usei um Pocket PC da HP com Windows Mobile – a Apple só lançou o primeiro iPhone em 2007. E nem lembrava mais, mas foi em 2015 que assinei o Netflix. O smartphone mudou tudo, junto com todos os aplicativos de mídias sociais, mensagens e compras online. Isso criou uma revolução, a revolução digital. Hoje em dia, tudo o que a gente faz gera dados digitais, no trabalho, nas compras e no lazer. Muitas outras inovações foram criadas nestas décadas, empresas novas surgiram e desapareceram nesses anos. Agora, a onda é a inteligência artificial, que vai causar um impacto tão grande quanto a internet e o smartphone. A evolução da computação já nos permite estar num mundo virtual igual ao real. A gente consegue simular um mundo virtual onde praticamente tudo pode ser feito como no mundo real e decisões do mundo real podem ser simuladas no mundo virtual.

As tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a inteligência artificial (IA) são áreas em constante evolução e que têm trazido grandes transformações para o mundo em que vivemos. Nos próximos 30 anos, é certo que essas tecnologias continuem avançando e mudando a maneira como nos relacionamos com o mundo. A Internet das Coisas (IoT), por exemplo, tem o potencial de transformar completamente a maneira como interagimos com objetos cotidianos, permitindo que sejam conectados e controlados remotamente. Isso pode ter um grande impacto em áreas como transporte, saúde e agricultura, melhorando a eficiência e reduzindo os custos. A inteligência artificial já é utilizada para resolver problemas em muitas áreas como saúde e segurança.

No entanto, apesar dos benefícios que as TIC e a IA podem trazer, é importante lembrar que essas tecnologias também apresentam desafios e riscos significativos. Um desses desafios é o impacto que essas tecnologias têm na sociedade e nos problemas sociais que enfrentamos atualmente. Teremos com certeza uma grande mudança no perfil dos trabalhos que serão desempenhados por humanos. As questões relacionadas à vigilância em massa, ameaçando a privacidade e ao uso de dados das pessoas e os dados gerados pelas pessoas no dia a dia são questões ainda em discussão e ainda não temos uma ideia de como estarão daqui 30 anos.  A popularização da inteligência artificial que começou agora em 2023 com o ChatGPT é outra incógnita mesmo no futuro próximo.

Por isso, é importante que as TIC e a IA sejam desenvolvidas de forma ética e responsável, com o objetivo de beneficiar toda a sociedade, e não apenas alguns setores ou grupos privilegiados. É necessário que sociedade, cientistas, governos e empresas de tecnologia comecem a pensar em um novo arranjo para o uso das tecnologias atuais e futuras para que sejam usadas para o bem comum, para a qualidade de vida de todos e para resolver os problemas sociais que ainda enfrentamos, mesmo após mais de 150 anos do início da terceira revolução industrial (1850-70).

Em 22 de janeiro de 2016, o Governo do Japão lançou o 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia. O plano propõe a ideia de “Sociedade 5.0”, uma visão de uma sociedade futura guiada pela inovação científica e tecnológica. A intenção por trás desse conceito é descrita como:

“Através de uma iniciativa que combina o espaço físico (mundo real) e o ciberespaço, aproveitando ao máximo as TIC, estamos propondo uma forma ideal de nossa futura sociedade: uma ‘sociedade superinteligente’ que vai trazer riqueza para o povo. A série de iniciativas voltadas para a realização desse ideal de sociedade agora está sendo aprofundada e intensamente promovida como ‘Sociedade 5.0’.” (Hitachi-UTokyo Laboratory(H-UTokyo Lab.). Sociedade 5.0 (pág. 11). Springer Nature Singapura. Edição do Kindle.)

Participe da nossa Live para discutir a Sociedade 5.0
https://youtu.be/kLpsl5gd0ns