Na próxima semana começo nova turma da minha disciplina optativa na Engenharia de Produção: Administração da produção na construção. Ontem resolvi fazer algo diferente para iniciar a minha preparação (mental) para as aulas e pensar em alguma mudança do ano passado para este. Fiz um desenvolvimento mental das aulas, em duas pegadas de 30 minutos cada* – uma ontem e outra hoje, sem consultar nenhum material. Segue o texto que produzi, omitindo os dias de aula para não ficar mais chato.
*por que 30 minutos cada? quem já leu textos meus anteriores sabe que eu escrevo diariamente no site 750words.com, são no mínimo 750 palavras, que eu demoro entre 30 e 40 minutos. Por isso!
o que é projeto? o que é produção? (ver tabela comparativa). construção é projeto ou é produção? o que é projeto na construção? o que produção na construção? a saída é juntar os dois – texto do Ballard (2014), tese do Maurício Bernardes (2001).
o que é o projeto de construção? um desenho com informações arquitetônicas, da estrutura, da hidráulica, da elétrica (e outras instalações, se existirem). que informações temos no projeto. o que é a produção na construção. a produção é transformar os materiais em construção, de acordo com o projeto, e atendendo à qualidade deseja para o cliente. os projetos tem as listas e especificações dos materiais? em parte. há uma especificação do projeto, chamada memorial descritivo, que descreve em linhas gerais uma parte da construção, como estrutura e hidráulica, e descreve os acabamentos e equipamentos que serão usados pelo cliente, como por exemplo, como será o piso e o revestimento das paredes, como serão as pias, etc. que dados devem ser repassados para a produção. os materiais e acabamentos, e como será executada cada parte da construção. a essas partes chamamos serviços. por exemplo, o levantamento de paredes é um serviço. o memorial descritivo ou projeto diz como são as paredes. o serviço diz o que vai na parede (tijolo e argamassa). para cada serviço da construção há várias alternativas, dependendo do material e da forma como será feito. a descrição dos materiais e as atividades a serem executadas para sua colocação estão numa relação de itens que chamamos de composição dos serviços. a maioria destas composições já tem alguns padrões. na composição também estão indicadas as quantidades que serão necessárias de cada material e as horas de trabalho de cada profissional envolvido no serviço. A Tabela PINI é um caderno que traz composições de serviços e também a CEF mantém uma tabela, SINAPI, disponível gratuitamente na internet. vamos ver que informações temos no SINAPI.
Quais informações há no SINAPI? perguntas para as primeiras tarefas:
- como usar as composições para calcular a duração da execução de um serviço?
- como usar as composições para calcular o consumo de materiais?
- como usar as composições para calcular o custo de um serviço?
- como usar as composições para calcular o custo da obra?
- este custo é custo total, direto ou indireto? como calcular o custo total da obra?
o que já sabemos? quais os materiais que necessitamos e as suas quantidades, quais os profissionais que precisamos e quantas horas de trabalho de cada um. Agora como podemos definir o prazo de execução da obra?
o que é então o planejamento da obra? definir os serviços, definir as equipes em cada serviço, definir a duração de cada duração, definir o sequenciamento dos serviços (cronograma), definir o prazo da obra.
planejamento do tempo. uma vez definido isto, teremos o plano de execução mês a mês da obra, ou semana a semana, ou se quisermos, dia a dia. este plano pode ser seguido à risca? como uma programação da produção? Não. Por quê?
Aqui iniciamos a simulação de uma obra, com 10 casas, num prazo de 80 dias (16 semanas), que no curso serão 8 semanas. Atualmente faço essa simulação usando o trello.com, usando o App.
faça alguns simulações com diferentes prazos para a obra. o que muda?
como fazer com obras repetitivas. se eu tiver 10 casas iguais, como faz? Aqui entra a Linha de Balanceamento (LOB, Line of Balance). a primeira simulação pode ser feita no papel, no caso, no quadro.
Na aplicação da LOB podemos ter pelo menos três abordagens (ver meu artigo de 1998). Na primeira solução todas as atividades seguem o mesmo ritmo – tudo é crítico. Algo impensável e impossível de executar em uma de mais de 1 mês. Mas nesta solução existem folgas para algumas equipes, pelo menos na teoria! como reduzir ou eliminar estas folgas.
Aí entra a segunda solução, dividir a obra em etapas, cada etapa tendo o seu ritmo. as decisões de quando iniciar cada etapa consideram o ritmo de cada uma, ver o artigo de Vargas (1996).
E na terceira solução, que usualmente pode ser aplicada em edifícios (e foi a minha tese), cada atividade segue seu próprio ritmo.
Voltando agora à programação. temos um planejamento do tempo. temos um plano de execução mês a mês da obra, ou semana a semana, ou se quisermos, dia a dia. este plano pode ser seguido à risca? Não. o que aprendemos com a simulação? como fazer então uma programação da produção?
A solução é fazer isso na própria obra, usando um método ágil – Last Planner System. Construção Enxuta. apresentar resumo do relatório do Koskela (1992).
Termina a simulação. quais as conclusões e acabou!